Em algumas das aulas de TIC a professora discutiu com a sala sobre dois
textos: NOVAS TECNOLOGIAS E CONSTRUÇÃO
DE CONHECIMENTO: REFLEXÕES E PERSPECTIVAS do autor Marcus Maltempi e
TECNOLOGIAS TAMBÉM SERVEM PARA FAZER EDUCAÇÃO da autora Vani Kenski.
O texto do Maltempi aborda as
tecnologias da informação e comunicação na educação, considerando uma abordagem
de construção de conhecimento. Ele faz alguns apontamentos e reflexões sobre o
Construcionismo.
Construcionismo é uma teoria educacional (ou de
aprendizagem) desenvolvida pelo matemático Seymour Papert, que se baseia,
principalmente, na teoria epistemológica desenvolvida por Jean Piaget, que
afirma que as pessoas constroem conhecimento na medida em que agem sobre
o objeto de conhecimento (uma coisa, uma idéia ou uma pessoa) e sofrem uma ação
deste objeto. [...] O Construcionismo postula que o aprendizado ocorre
especialmente quando o aprendiz está engajado em construir um produto de
significado pessoal (por exemplo, um poema, uma maquete ou um website),
que possa ser mostrado a outras pessoas. Portanto, ao conceito de que se
aprende melhor fazendo, o Construcionismo acrescenta: aprende-se melhor ainda
quando se gosta, pensa e conversa sobre o que se faz. [...] Papert deu início
na década de 60 ao desenvolvimento da linguagem Logo de programação, a qual
possibilita ao aprendiz usar a Matemática como um material para criar figuras,
animações, jogos e simulações no computador, entre outras coisas. O computador
torna-se, então, uma ferramenta viabilizadora de ambientes de aprendizagem, no
qual as ideias construcionistas podem ser amplamente exploradas. (MALTEMPI,
2005)
Sobre esse texto eu particularmente até gostei da forma
como tratou o Construcionismo, principalmente no sentido que tem para o
educando construir um produto que tenha significado, e até concordo que o
conhecimento não se transmite, se constrói. Porém nas minhas experiências e
breve estudo que tivemos no curso de pedagogia, não me agrada essa metodologia
construtivista, pois a meu ver, primeiro o professor fica muito “de lado”,
aparentemente não tem um papel tão importante, como se ele tivesse o papel
apenas de “organizar as interações do aprendiz com o meio e problematizar as
situações de modo a propiciar a construção de conhecimento”, para mim o
professor é o mediador do conhecimento, claro que ele precisa problematiza-lo,
mas ele também precisa ser o meio para o aluno acessar esse conhecimento, que
talvez não seria tão bem entendido se não tivesse o professor mediando o
conhecimento. Segundo que na nossa realidade brasileira, pensar em uma educação
com abordagem construtivista não é muito viável, pois essa abordagem implica
que os alunos tenham toda uma bagagem cultural e visão de mundo muito ampla, e
sabemos que as pessoas que mais têm esse capital cultural, são aquelas que
também têm o maior poder aquisitivo, que no caso é uma minoria da população.
Quanto ao texto de Kenski, a autora procura
estabelecer a relação entre educação e tecnologias, focando a socialização da inovação,
ressaltando que “a presença de uma determinada tecnologia pode induzir
profundas mudanças na maneira de organizar o ensino” (KENSKI, 2012). Kenski
afirma que, mais importante do que as tecnologias e os procedimentos
pedagógicos mais modernos, é a capacidade de adequação do processo educacional
aos objetivos que levam as pessoas ao desafio de aprender. A autora também enfatiza
a necessidade de manutenção e segurança por parte das instituições de ensino, a
fim de se evitar um colapso em suas atividades online. Além disso, faz
críticas quanto ao uso inadequado da tecnologia no âmbito educacional, utilizando
exemplos de projetos de ensino pouco eficazes, de profissionais despreparados
para o uso pedagógico das tecnologias, de projetos de educação e de cursos a
distância em bases digitais que não levam em conta as especificidades
educacionais e comunicativas, não atendendo às necessidades de aprendizagem dos
alunos.
Esse texto traz questões que até já discutimos nas
apresentações dos seminários, por exemplo, pois em várias apresentações foi
citado que as tecnologias são um ótimo auxilio para o professor, e que se bem
utilizado é um ótimo instrumento que estimula e contribui para a aprendizagem
dos alunos, porém mais do que ter suporte material (ter computadores, acesso a
internet, etc.), é preciso que os professores sejam capacitados para utilizar as mídias e a tecnologia em
sala. Mas na realidade do sistema educacional brasileiro, poucas escolas tem
acesso as TICs, e quando tem, há sempre um receio que o aluno vá danificá-los,
ou o professor não tem preparo, e opta por não utilizar, ou quando tentam
utilizar, os alunos muitas vezes ficam dispersos, ou o professor não utiliza
esse tipo de instrumento de forma adequada, seja tentando substituir suas aulas
por um conteúdo que ele deveria estar dando, e utiliza essa tecnologia para
ensinar, sem ele próprio ter apropriado o conhecimento, não sabendo explicar
para o aluno, pois as TICs não são substitutos para os professores em sala,
elas são um complemento, que o professor pode utilizar para melhorá-las.
REFERÊNCIAS
KENSKI, V. M. Educação
e tecnologias: o novo ritmo da
informação. Campinas: Editora Papirus, 2012. 141p.
MALTEMPI, M. V. Novas tecnologias e construção do
conhecimento: reflexões e perspectivas. In: Congresso Ibero-Americano de
educação matemática. 2005